Críticas – A Batalha das Correntes (2017), A Invenção de Hugo Cabret (2011), Tempos Modernos (1936), Cantando na Chuva (1952)

História do Cinema

Projetar imagens na parede de uma caverna foi um dos fascínios do ser humano desde a Idade da Pedra: passando pelo teatro de marionetes a céu aberto; até serem substituído por atores em suntuosos palacetes aos olhos privilegiados da elite abastada da época. A ideia de levar peças de teatro e concertos de ópera até a camada mais pobre daquela sociedade foi um dos motivos que levou Auguste e Louis Lumière a inventar o cinematógrafo, o qual filmava, revelava e projetava imagens com o intuito de serem exibidas a milhares de pessoas em períodos e lugares diferentes. Além disso, as cenas cotidianas poderiam ser registradas tanto para exibição como preservação e estudo. Pensando nisso, os pais do cinema organizaram a primeira exibição pública e comercial de um filme, em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café de Paris, situado no Boulevard des Capucines.

Nesse sentido, o visionário Thomas Edison e sua equipe de engenheiros constrói alguns teatros especializados para a projeção desses filmes por apenas um níquel de entrada, chamados Nickelodeons. O inventor do Cinetoscópio, revolucionou a indústria do cinema, aperfeiçoou o telefone e a máquina de escrever, assim como venceu A Batalha das Correntes (2017) contra o engenheiro George Westinghouse (Michael Shannon) e o injustiçado Nikola Tesla (Nicholas Hoult), já que a maioria das suas invenções geniais não foram creditadas a ele. Na verdade, Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) com a ajuda do seu assistente (Tom Holland) monopolizou a distribuição da corrente elétrica contínua, o que lhe rendeu o apelido de o “Inventor da Lâmpada”.

Georges Méliès foi um dos 34 convidados de gala dos Irmãos Lumiére. O mágico ilusionista apelidado por Charles Chaplin de “o alquimista da luz”, inovou no uso de efeitos especiais como nas técnicas em stop-motion, realizadas no seu próprio estúdio de vidro. Apesar da metade dos 400 filmes de trucagem sumirem na Primeira Guerra, a primeira película de ficção científica pintada a mão permaneceu intacta. “Le Voyage dans la lune” (1902), foi baseado nos romances de Júlio Verne: “De la Terre à la Lune”,  e “The First Men in the Moon”, de H. G. Wells

A Invenção de Hugo Cabret (2011) foi adaptado para o cinema por Martin Scorsese da obra escrita por Brian Selznick, cujo xará do autor de Os Miseráveis após ficar órfão de pai (Jude Law) perambula pela Estação Central parisiense na década de 1930, deslumbrado com todo aquele mecanicismo originário da Revolução Industrial; principalmente quando iluminado pelos raios solares alaranjados. Hugo (Asa Butterfield) sobrevive cometendo crimes famélicos ou pequenos delitos; além de escapar do inspetor legalista, Gustave Dasté (Sacha Baron Cohen), ao estilo do pragmático inspetor Javert. Isso até o pequeno inventor com 27 relógios para cuidar começar a trabalhar para o lojista amargurado, Papa Georges (Ben Kingsley), e consertar o autômato do pai; parecido com o Homem Bicentenário. Dessa forma, o garoto fadado ao crime, reconhece o valor do dinheiro, e por isso, se endireita; auxiliado pela amiga Isabelle Mèlies (Chloë Grace Moretz) e pelo enigmático dono da livraria vizinha Monsieur Labisse (Christopher Lee) onde se encanta lendo as histórias sobre o cinema tradicional ou assistindo os clássicos do cinema mudo como: A Chegada do Trem na Estação, A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, O Beijo, O Grande Roubo do Trem, Intolerância, O Garoto, A Caixa de Pandora, O Homem-Mosca e A General

Tempos Modernos (1936) retrata com perfeição a alienação do trabalhador por causa do trabalho mecanizado; em oposição ao processo de automação. Afinal, “Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”. Na trama, Carlitos não se adapta tanto ao trabalho alienante da fábrica quanto ao do cais e o da loja de roupas porque demonstra habilidades ao patinar e criatividade na improvisação de um número musical, cuja voz é ouvida pela primeira vez no cinema – dez anos depois dos primeiros filmes falados -, a partir de O Cantor de Jazz (1927)

Cantando na Chuva (1952), o melhor musical de todos os tempos, retrata a transição do cinema mudo para o cinema falado, enfatizando justamente o “Cantor de Jazz” como o divisor de águas. Na trama, Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são as principais estrelas do momento, apesar de não se darem muito bem na vida real. Tal revolução os obriga a transformar o filme mudo em que estão atuando num estrondoso musical. O problema maior foi posicionar os microfones de modo a adequar o tom de voz irritante da protagonista. No entanto, ao tentar fugir de fãs enlouquecidos, o ex-dublê de corpo acaba acidentalmente no carro de uma aspirante à atriz de teatro que esnoba imediatamente a carreira do astro, embora o encontro tenha rendido a ela o papel de dublê da voz que faltava como o coração daquele ator endeusado. Don e Kathy (Debbie Reynolds, mãe da Princesa Lea) acabam se beijando na porta do set durante um temporal, cuja euforia faz o dançarino cantar na chuva e voltar a ser criança, mesmo que isso resulte em pneumonia no dia seguinte.

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