Críticas — Money For Nothing: Inside the Federal Reserve (2013), O Lobo de Wall Street (2013), Psicopata Americano (2000), A Grande Aposta (2015), Margin Call — O Dia Antes do Fim (2011)

A crise das hipotecas subprime completa 15 anos

O capitalismo foi uma evolução natural do comércio desde a idade da pedra com o escambo. Porém, a riqueza do mundo até 1750 era quase nula, pois estava toda concentrada na mão da aristocracia. Foi nessa época que ocorreu a Primeira Revolução Industrial, não homogênea, provocando a migração em grande escala de trabalhadores do campo até a cidade por melhores salários e condições de vida, a partir do consumo produtos de outras fábricas: chamada produção em massa. Geração de riquezas é a criação de facilidades para a maioria da população, outrora privilégio da elite.

A capital do mundo em homenagem ao duque de York, irmão do rei; onde fica atualmente a Bolsa de Valores e os escritórios dos maiores bancos e instituições financeiras, chamava-se antigamente Nova Amsterdam. Tudo começou em 1653 quando os holandeses construíram uma muralha (wall) de madeira com o objetivo de proteger a sua colônia de um possível ataque dos índios; até serem expulsos pelos ingleses, em 1664, com o objetivo de fundar a vila de Nova York. Já em 1792 um grupo de vinte e quatro acionistas firmou um acordo estabelecendo regras e taxas referentes às negociações da Bolsa de Nova York.

De acordo com o documentário independente, Money For Nothing: Inside the Federal Reserve (2013), nascia há 100 anos o maior vilão da economia mundial: formado de numerosos representantes de bancos privados e conselhos consultivos. Acontece que para solucionar a crise de 1921 o Banco Central Americano reduziu drasticamente os juros em 4,2%, cuja febre especulativa dos “loucos anos 20″ quebrou a Bolsa de Nova York nove anos depois, mas demorou 15 anos para solucioná-la com métodos keynesianos e intervencionistas. O FED ainda bancou os prejuízos das duas guerras mundiais e da Guerra do Vietnã imprimindo mais dinheiro que as reservas de ouro. Dessa forma, o dólar inflado perdia cada vez mais valor e as taxas de juros, artificialmente baixas, mantiveram o crescimento econômico artificial e flácido; típico da etapa de expansão dos ciclos de expansão-recessão da economia. Por conseguinte, em 19 de outubro de 1987, o mercado financeiro desabou novamente com a Black Monday, provocando a demissão do corretor de ações Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), quem dá a volta por cima após fundar a Stratton Oakmont: especializada em ações duvidosas de segunda linha, baixo valor e pouca liquidez (penny stocks), de modo a oferecê-las aos clientes como se fossem ouro. Esse discurso motivacional, antiético e imoral; somado a eficiente técnica de vendas agressiva acabou contagiando a equipe formada pelo vizinho Donnie Azoff (Jonah Hill); até a quadrilha ser desmascarada a tempo e O Lobo de Wall Street (2013) ser condenado por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro; além de perder a guarda da filha ao se separar da esposa (Margot Robbie), cuja biografia homônima foi adaptada por Martin Scorsese, sendo um drama verídico delicado, de humor inteligente na medida certa.

Naquele ano de 1987 com a mesma idade e as mesmas tendências do colega de Wall Street, Belfort, o metrossexual Patrick Bateman (Christian Bale) usufruía da empresa do pai. O playboy materialista era fã de Whitney Houston, Phil Collins, New Order e Information Society, mas perdia tempo jantando em restaurantes da moda enquanto mantinha as aparências ao lado da noiva Evelyn Williams (Reese Witherspoon) e amigos selecionados pelo relevo do cartão de visita; para à noite cometer assassinatos. Psicopata Americano (2000) reflete a geração perdida dos anos 1990 quando foi possível juntar milhares de hipotecas num só pacote e vendê-las aos investidores. Em 2001 entra em cena novamente o presidente do FED de modo a estancar a “Bolha da Internet” baixando drasticamente os juros de 5,25% para 1,25% ao ano. A medida expansionista impulsionou assustadoramente o setor imobiliário: formado agora de hipotecas boas incorporadas às ruins (subprime). Dessa forma, aquele investimento excelente, tornou-se enganoso e de alto risco; sem a prudência dos bancos para orientar os clientes adequadamente; sobretudo a fiscalização do governo em conluio com as agências de classificação de risco ao atribuir notas altíssimas a esses títulos poluídos, na mão de pelo menos 8 milhões de americanos inocentes que não conseguiam pagá-los: perdendo a casa e o emprego. Dez trilhões de dólares sumiram da economia e 2,5 milhões de empresas foram arrasadas por causa da “marolinha”. Se o desemprego sobe apenas 1%, quarenta mil pessoas morrem por ano.

Michael Burry (Christian Bale) em 2005 foi o primeiro a falar publicamente sobre a desvalorização dessas hipotecas; já Mark Baum (Steve Carell) após suicídio do irmão viajou o mundo entrevistando pessoas com o objetivo se informar sobre a crise e a corrupção sistêmica instalada no país; enquanto Ben Rickert (Brad Pitt), outro especulador experiente de “vendas a descoberto” (short-sellers), visava apenas ajudar os amigos a se dar bem devido A Grande Aposta (2015) que fizeram contra o mercado financeiro.

Margin Call — O Dia Antes do Fim (2011) se passa um dia antes da crise financeira de 2007–2008, dirigido e roteirizado por JC Chandor, filho de um investidor imobiliário em seu primeiro trabalho no cinema, cuja trama retrata os bastidores de uma empresa especializada em fundo de investimentos, pega de surpresa como a grande maioria dos investidores; prova de que o mercado financeiro estava funcionando perfeitamente, seguindo os sinais de lucros e prejuízos os quais estavam sendo emitidos. Ocorre que apenas o chefe (Jeremy Irons), o mais influente (Paul Bettany) e o braço direito de moral duvidosa (Kevin Spacey) sobreviveram àquela demissão coletiva: membros da elite que compõe o establishment enquanto o povo pagava a conta.

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