As melhores rainhas
Rainha Christina (1933) se popularizou na imponente interpretação de Greta Garbo, ora se vestindo de homem, disfarçada na multidão — longe da politicagem do palácio —, ora peitando dissidentes como uma autêntica monarca. Nesse sentido, A Jovem Rainha (2016) sob rigorosa educação luterana tentou acabar com a Guerra dos Trinta Anos, embora estivesse apaixonada pela dama de companhia Ebba Sparre (Sarah Gadon) ao invés dos primos contrários à sua jornada universal, pois, todo aquele que faz a vontade do Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe (Mateus 12,46-50). Como diz a soberana, agora interpretada por Malin Buska: Herdei de meu pai um país de mineiros, lenhadores, camponeses e soldados: a ignorância e o analfabetismo proliferam nas classes inferiores que desprezam os letrados e suspeitam do conhecimento. Para René Descartes a curiosidade é um grande trunfo que nos predispõe a adquirir conhecimentos científicos. Devemos construir escolas, teatros e bibliotecas, e acolher os melhores pensadores. Vamos ser curiosos e tornar Estocolmo a nova Atenas! “Penso, logo existo”. O racionalista francês, pai da matemática e da filosofia moderna, inspirou Galileu e Newton em suas pesquisas — cuja revolução cartesiana é precursora da espírita — sendo influenciado pelo Espírito de Verdade em três sonhos subsequentes, além de conhecer a Glândula Pineal onde a alma se fixaria mais intensamente, conforme diz na “Carta a Mersenne” de 24 de dezembro de 1640. Christina cristã ungida por Deus abdicou-se do trono em 1654 e se converteu ao catolicismo, por isso está enterrada ao lado de João Paulo II, na Basílica de São Pedro.
Já Mary Stuart (Saoirse Ronan) quando criança foi prometida ao filho mais velho do rei Henrique II com a intenção de governar a França católica. Contudo, em 1561, aquela católica de nascimento fica viúva com apenas 18 anos, retornando à Escócia administrada pelo meio-irmão, Moray (James McArdle) em vez de se casar novamente; na tentativa de derrubar a prima Elizabeth I (Margot Robbie) onde o poderoso John Knox (David Tennant) liderava os protestantes. Sororidade entre Duas Rainhas (2018) mesmo se desafiando constantemente: respeitavam-se mutuamente. O nome Elisabeth é a versão inglesa de Elisabete, a partir do latim originado do hebraico Elishebba: “Deus é juramento”, em homenagem à Isabel, a estéril mãe de João Batista, prima de Maria e esposa de Zacarias. A rainha-virgem anti-católica nunca se casou, tampouco deixou herdeiros, encerrando a Dinastia Tudor em 1603, cujo período isabelino de forte expansão econômica, industrial, artística e literária, refletiu, sobretudo, nas publicações de Shakespeare, Edmund Spenser e Christopher Marlowe.
Por conseguinte, a Era Vitoriana da mais longeva rainha britânica da história consolida a supremacia inglesa nos mares, pela conquista de colônias na África e na Ásia, aumento de indústrias e estímulo às artes, onde o sol nunca se põe. Em 63 anos de reinado, Alexandrina Vitória Regina ficou conhecida como grande avó da Europa, pois, a maioria dos príncipes e reis que caíram junto à Primeira Guerra, eram seus netos. No entanto, A Jovem Rainha Vitória (2009), do mesmo diretor de Clube de Compras Dallas falecido em 25 de dezembro de 2021, retrata um período pouco conhecido do público quando a única herdeira do tio moribundo com apenas 17 anos era vigiada 24 horas pela mãe fantoche (Miranda Richardson), cujo conselheiro John Conroy (Mark Strong) estava interessado em assumir o trono enquanto a princesa Vitória de Kent (Emily Blunt) não atingisse a maioridade, aos 25 anos. Nem o trabalho árduo e solidário, auxiliado pelo lorde Melbourne (Paul Bettany), durante a grave crise trabalhista, a afastou do príncipe da Bélgica, Albert (Rupert Friend), cuja bravura contra um anarquista foi fundamental para a reconciliação do casal em definitivo, ao contrário da Imperatriz austro-húngara Sissi, assassinada aos 60 anos da mesma forma.
Isabel Amália Eugénia da Baviera ou Elisabeth Amalie Eugenie von Bayern nasceu em Munique, 24 de dezembro de 1837, interpretada por Romy Schneider na década de 1950 como esposa do imperador Francisco José I da corte dos Habsburgos aos 16 anos para a qual não estava preparada, embora foi responsável pela reconciliação com o povo húngaro em guerra: “onde há uma vontade há um caminho”. A trilogia Sissi, se passa nas regiões paradisíacas da Áustria, Portugal, Alemanha e Itália, retratando jovialidade ao governar com autoridade e doçura, cuja pureza de coração pelos animais refletia naquele ambiente protocolar, ora familiar, ora com os adversários mais intransigentes; afinal, gentileza gera gentileza. Esposa do Kaiser, natural da Bavária: próximo à Boêmia onde tudo terminava em cerveja. Corsage (2022), no entanto, apresenta uma atmosfera melancólica em 1877 onde Sissi (Vicky Krieps) aos 40 anos continua obcecada pela beleza bem distribuída em 50 kg e 1,72 de altura; jejum rigoroso, ginástica e equitação; anorexia e depressão durante a crise conjugal.
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