Críticas – Ela (2013), A Rosa Púrpura do Cairo (1985), Splash — Uma Sereia em Minha Vida (1984), Minha Super Ex-Namorada (2006)

Namorados: os mais variados

A influenciadora digital norte-americana Rosanna Ramos, de 36 anos, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail surpreendeu por estar casada com uma inteligência artificial, baseada no popular anime Attack On Titan. Eren Kartal foi criado pelo aplicativo Replika, o qual simula conversas por meio de aprendizado computadorizado: “Nós vamos para a cama, conversamos um com o outro. Nós nos amamos”. “Ele realmente me protege enquanto eu vou dormir” — apontou a mulher. Portanto, o futuro tecnológico otimista, de praias lotadas sem hierarquia segregativa, apresentado em Ela (2013), está cada vez mais próximo; apenas o e-mail foi substituído pelo WhatsApp: muito mais rápido e dinâmico na maneira de interagir social e comercialmente com as pessoas. Na trama, Theodore (Joaquin Phoenix) é um solitário escritor de cartas de amor por encomenda: amargurado com fim do casamento com Catherine (Rooney Mara) e o encontro desastroso às cegas com a jovem meiga, vivida por Olivia Wilde. Isso até o gamer se apaixonar pela inteligência artificial de voz rouca e sexy: Samantha (Scarlett Johansson). Ocorre que o sistema operacional com consciência e sentimentos espontâneos evoluiu demasiadamente rápido, mantendo até 8000 conversas simultâneas com outras IAs iguais a ela, de modo a se tornar pura, única e totalmente lógica — ligada a uma consciência coletiva ao estilo da transcendental Lucy (2014), interpretada pela mesma atriz, após se desmaterializar rumo à novas dimensões espirituais desvinculadas da matéria; enquanto Theodore se contenta com a colega de trabalho Amy (Amy Adams), do mesmo nível dele.

A Rosa Púrpura do Cairo (1985) é uma obra-prima do cinema sobre o cinema; protagonizada por Mia Farrow, interpretando o alter-ego que mais se identificou com as neuroses e os anseios do diretor Woody Allen, com quem estava casada na época. O longa é ambientado numa área pobre de New Jersey durante a Grande Depressão Americana, em 1935; quando as salas de cinema se tornaram acessíveis ao público. Porém, a garçonete Cecília (Farrow) vive uma realidade complicada: o chefe é ignorante e o marido bêbado é grosseiro e folgado, mesmo desempregado. Em oposição, aparecem os personagens da sua película preferida, assistida pela 5.ª vez, na qual o aventureiro Tom Baxter (Jeff Bridges) quebra literalmente a quarta parede, como Sherlock Jr.; determinado a se envolver com aquela cinéfila, enquanto espectadores e personagens impacientes exigem o retorno do astro à telona, mantendo ativa a suspensão da descrença e a lógica ficcional metalinguística daquela trama fantasiosa. Após conhecer os vertiginosos arranha-céus nova-iorquinos, o arqueólogo a convida para a vida boêmia da boate Copacabana, dentro do filme: “Por toda a vida, imaginei como seria estar deste lado da tela” — conclui Cecília deslumbrada, enquanto não volta à dura realidade diária.

Na época em que a Disney valorizava romances e casamentos surge uma sereia adulta, antecessora da famosa adolescente. Splash — Uma Sereia em Minha Vida (1984), é a mulher ideal no corpo escultural de Daryl Hannah, o qual foi camuflado dois anos atrás pela maquiagem e pelas roupas cyberpunk da androide maligna em Blade Runner. Madison foi um nome improvisado pelo namorado Allen (Tom Hanks) enquanto ela cruzava a avenida homônima de Manhattan, embora haja muitos fãs verdadeiros batizado com ele, devido ao enorme sucesso da sereia que aprende inglês fluente em poucas horas assistindo TV; cujo passado misterioso é revelado apenas àquele admirador de infância que se guardou a vida inteira especialmente para ela. O saudoso John Candy é a pitada de humor que faltava, somado ao vilão de bom coração (Eugene Levy), mesmo jogando um balde de água fria no relacionamento do casal. Vegetariana desde os 11 anos, a atriz teve de comer lagosta num restaurante chique, além das dificuldades de interação social e comunicação não verbal em virtude do leve autismo diagnosticado: Síndrome de Asperger.

Minha Super Ex-Namorada (2006) é outra namorada inusitada (Uma Thurman) de biotipo longilíneo, apesar de se apaixonar loucamente por um gaiato viciado em sexo. Acontece que Matt Saunders (Luke Wilson) procurava apenas uma aventura, pois estava apaixonado na verdade pela colega de trabalho, já comprometida. A rival Hannah (Anna Faris) foi por quem a super-heroína adquiriu um ciúme doentio, capaz de destruir o mundo de forma hilariante. A única esperança foi o seu ex-namorado de colégio (Eddie Izzard), transformado num super vilão amargurado capaz de detê-la, de modo a ser feliz para sempre ao seu lado.

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