Críticas – Feliz Natal (2005), Glória Feita de Sangue (1957), 1917 (2019), Carlitos nas Trincheiras (1918)

Já é Natal na Primeira Guerra Mundial

Feliz Natal (2005) é um filme franco, germano, britânico, belga e romeno, sobre a celebração do Natal de 1914 entre os soldados das trincheiras inimigas a partir de 6 metros de distância. O espírito da Santa Aliança floresceu naquele front quando franceses católicos, alemães ortodoxos e escoceses anglicanos, entoaram unidos a canção universal: Noite Feliz, antes de rezar a missa na língua universal, o latim, e jogar futebol juntos na neve. O corajoso combatente, responsável por aquela confraternização inusitada foi o tenor Nikolaus Sprink (Benno Fürmann), acompanhado de gaitas escocesas e da bela esposa dinamarquesa, a soprano Anna Sørensen (Diane Kruger); seguido do Tenente judeu alemão Horstmayer, interpretado pelo espanhol Daniel Brühl, filho do cineasta paulistano Hanno Brühl com a espanhola Marisa González Domingo. A Primeira Grande Guerra marcou a transição entre o mundo antigo e a era moderna: do cavalo ao tanque de guerra; da baioneta à metralhadora, lança-chamas, gás de cloro, gás mostarda e fosgênio. Os primeiros aviões de combate obrigaram os inimigos a construir trincheiras em zigue-zague com arame farpado, formando muita lama com milhares de ratos ao redor. Uma guerra colonialista entre primos de monarquia, no auge do nacionalismo, início do marxismo e da psicanálise.

Mais tarde no Front Ocidental de 1916 dois generais pedantes em busca de promoção: com o bucho cheio de lagosta e o ego nas nuvens, ordenam um ataque suicida ao “Formigueiro Alemão” do outro lado da Terra de Ninguém. Os sobreviventes que deveriam ser recebidos como heróis foram condenados à morte pelo tribunal militar francês após recuarem de um pesado bombardeio intermitente. Glória Feita de Sangue (1957), com Kirk Douglas, foi a primeira obra-prima de Stanley Kubrick, banida da França por 20 anos. O único registro desse vergonhoso julgamento real foi o romance homônimo, escrito em 1935 por Humphrey Cobb, que deu origem ao filme estrelado pela futura esposa do diretor por 40 anos, Christiane Kubrick.

Sam Mendes inspirado nas histórias do avô, Alfred , utiliza dois incríveis planos sequência com belíssimas imagens de natureza bucólica, cachoeiras deslumbrantes, campos arborizados e ruínas históricas; na maior demonstração artística sobre a Primeira Guerra já feita. Ambientado em 06 de abril de 1917 os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) ficam encarregados entregar uma mensagem urgente ao coronel Mackenzie (Benedict Cumberbatch), de modo a cancelar a ofensiva de 1.600 soldados ingleses contra os alemães, que na verdade recuaram estrategicamente para atrai-los numa emboscada mortal. A trama de 1917 (2019). relembra o hercúleo esforço do mensageiro ateniense Fidípides após percorrer 246 quilômetros em 2 dias por um terreno acidentado entre o campo de batalha de Maratona até Atenas com objetivo de anunciar aos conterrâneos a vitória contra os persas. Tal sentido de urgência era pelo temor dos derrotados se vingarem imediatamente contra a sua cidade desprotegida; cuja morte por exaustão deu origem a ultramaratona esportiva.

Bem antes do Armistício, estreava o curta metragem mais ousado e mais popular de Charlie Chaplin ao satirizar com classe os horrores da Primeira Guerra. Carlitos nas Trincheiras (1918) apresentou na época um novo estilo de comédia, trazendo cenas hilárias da inundação no front: muita chuva, lama e gases tóxicos – representado por um Queijo Limburger jogado do outro lado da trincheira sobre um oficial alemão irritadiço.

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