Críticas  —  Touro Indomável (1980), Ajuste de Contas (2013)

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A jornada de um boxeador é a que mais se aproxima da jornada clássica do herói, a exemplo da biografia de Sylvester Stallone confundida com a saga de Rocky Balboa no cinema. Em oposição, temos a autobiografia de Jake LaMotta, dirigida por Martin Scorsese por destacar apenas a parte negativa daquela nobre arte: o excesso de violência em lutas eventualmente armadas por empresários gananciosos ligados à máfia, a exemplo de Don King. A raiva daquele Touro Indomável (1980) a partir do reformatório onde cresceu era descontada nas pessoas com quem convivia, levando-o ao título mundial dos pesos médios após a primeira e única derrota da carreira de Sugar Ray Robinson — o maior pugilista de todos os tempos, segundo a ESPN. Às duas esposas retratadas no filme disponível no Prime Vídeo e na BP Select em vez de servirem de alento em cada luta provocaram-lhe crises de ciúme doentio, cujo irmão (Joe Pesci) e único treinador daquele animal sem dono acabou apanhando gratuitamente por isso. O anti-Rocky, interpretado por Robert De Niro, mesmo depois de comer muito, treinar pouco e espancar a esposa com frequência vencia as lutas subsequentes, cuja raiva canalizada dentro e fora do ringue era descontada ora nos adversários, ora em suas esposas, ora no irmão e único amigo dele. A abordagem escolhida pelo cineasta foi extremamente pessimista: sem redenção ou a típica superação naquele esporte de reis, embora com um final característico de um diretor católico como Scorsese, ao estilo da obra literária de Dostoiévski: Crime e Castigo, já que aquele bronco irresponsável foi preso duas vezes e terminou a vida sozinho; mesmo rodeado de pessoas no próprio bar como stand-up comedy de lá, fazendo piadas depreciativas e extremamente sem graça de quem odeia a sociedade onde viveu até os 95 anos com sete casamentos nas costas e seis filhos.

No divertido Ajuste de Contas (2013), disponível no Max, inventaram um hipotético confronto entre Rocky e LaMotta: 30 anos depois, interpretados novamente por Sylvester Stallone e Robert de Niro. Na trama, aqueles rivais com nomes diferentes do original, se enfrentam pela última vez por uma antiga paixão (Kim Basinger), apesar do ego nas nuvens e da falta de dinheiro: o que esquentará ainda mais aquele combate entre idosos. O icônico promotor da luta Dante Slate (Kevin Hart) engrandeceu a paródia cheia de referências aos clássicos do boxe bem encaixados no roteiro. Com participações especiais de Chael Sonnen, do UFC, e Mike Tyson contra Holyfield: a nova luta do século XXI.

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