Críticas — Milada (2017), A Queda! As Últimas Horas de Hitler (2004), Sob o Domínio do Mal (1962)

“Pessoas não possuem ideias… Ideias possuem pessoas”

O fim da Primeira Guerra marcou a queda de todas as monarquias análogas ao Império Austro-Húngaro onde o monarca governava de fato. Apesar de a Alemanha ter sido a grande derrotada, Hitler se fortaleceu: em vez da luta por classes era mais fácil na opinião do ditador os trabalhadores se relacionarem com patrões do mesmo país, amparados pelo seu Partido Nacional-Socialista durante a ascensão do Marxismo na Europa. Milada Horáková nasceu em Praga, no dia 25 de dezembro de 1901: foi ativista pela igualdade das mulheres e voluntária pela Cruz Vermelha ao longo da ocupação Nazista em 1939. Ocorre que ao se juntar a resistência é presa pela Gestapo e condenada à morte no campo de concentração de Theresienstadt; até a comutação da pena em prisão perpétua. Eleita deputada e perdoada no fim da guerra, a parlamentar interpretada por Ayelet Zurer, permanece no cargo até o golpe comunista em fevereiro de 1948; sendo torturada física e psicologicamente pela polícia secreta da Tchecoslováquia. Na esperança de obter alguma clemência pelas falsas acusações de conspiração e traição à pátria, Milada (2017) assina uma confissão inverídica: “Eu ajudei e cooperei com as forças imperialistas ocidentais para desestabilizar o governo comunista, eleito democraticamente”. Todavia, no julgamento patético, é condenada à forca após a traição dos próprios colegas de trabalho, apesar de personalidades famosas como Albert Einstein, Winston Churchill e Eleanor Roosevelt pedirem uma nova comutação de pena à acusada.

Traudl Junge foi uma das únicas sobreviventes da “Toca do Lobo”; arrependida o suficiente para contar as intimidades do patrão genocida no livro: Até o Fim — os Últimos Dias de Hitler, transformado no filme: A Queda! As Últimas Horas de Hitler (2004), inspirado no documentário disponível no youtube: Eu fui a Secretária de Hitler (2002): “A humanidade nunca foi importante para ele”, “eu nunca o ouvi dizer a palavra amor” — disse Junge. Bruno Ganz que havia encarnado o anjo Damiel no clássico: Asas do Desejo, interpreta de forma assustadoramente convincente aquele demônio humanizado quando paparicado pelos comparsas do alto escalão ao celebrar com luxos e mordomias organizadas pela esposa Eva Braun (Juliane Köhler); até a realidade se impor em forma de bombardeio: atravessando as paredes do bunker claustrofóbico enquanto soldados corajosos da Juventude Hitlerista, entre 6 e 18 anos, os defendia até a morte; médicos cuidavam dos feridos e a população inocente tentava sobreviver de alguma forma. O último a se matar ao lado da esposa Magda (Corinna Harfouch) após envenenar os seis filhos pequenos, foi o ministro da propaganda do Partido Nazista, Joseph Goebbels (Ulrich Matthes): preso àquela ideologia estrutural baseada apenas na mentira. Outra cena bastante comovente foi a morte da cadela pastor-alemão Blondi: talvez o único ser vivo que Hitler realmente amava.

A expressão “lavagem cerebral”: lavagem de cérebro, reforma de pensamento ou reeducação, surgiu em 1 de outubro de 1949 junto à fundação da República Popular da China de Mao Tsé-Tung, utilizada pela primeira vez na Guerra da Coreia em prisioneiros americanos, meses depois. Na trama de Sob o Domínio do Mal (1962), o Major Ben Marco (Frank Sinatra) e o sargento Raymond Shaw (Laurence Harvey), agraciado com a Medalha de Honra, foram as primeiras vítimas dessa hipnose marxista, tornando-se espiões involuntários e sem consciência dos seus atos através de um comando remoto, a exemplo do “slipper” visto em Capitão América 2: O Soldado Invernal. Nos anos 1980, o desertor da KGB Yuri Bezmenov através de livros, palestras e entrevistas disponíveis no youtube, buscou alertar o público ocidental sobre as estratégias dessa subversão ideológica, utilizada pela URSS. Em vez de perder tempo com esquerdistas idealistas e sinceros: chamados por ele de prostitutas políticas e idiotas úteis, foi orientado a recrutar celebridades, indivíduos da mídia conservadora e cineastas ricos e intelectuais em círculos acadêmicos; uma vez que 85% da atividade da KGB concentrava-se em subversão e apenas 15% em espionagem, feita por esses agentes infiltrados nos meios empresariais, artístico, cultural, acadêmico; sindicatos, igrejas, universidades e na mídia do ocidente.

“(…) Subversão, na terminologia soviética, significa sempre uma atividade distratora e agressiva, visando destruir o país, nação ou área geográfica do seu inimigo. (…)” Os movimentos de libertação nacional são na realidade antinacionalistas e antipatriotas, pois, a maioria dos líderes não têm laços étnicos com os grupos liderados, treinados e pagos pela URSS à qual obedecem. O processo de subversão da sociedade do país alvo consiste em manipular cultural e psicologicamente as massas, de modo a facilitar a implantação de regimes revolucionários, divididos em quatro fases: desmoralização, desestabilização, crise e normalização. Em Sob o Domínio do Mal, o agente soviético subversivo, de mentalidade coletiva e sem personalidade é a própria mãe daquela família disfuncional após tentar se vingar dos chineses e soviéticos pelo que fizeram com o seu filho, enquanto o padrasto anticomunista pode ser comparado ao senador desajeitado Joseph McCarthy quando é manipulado por aquela mulher incestuosa, interpretada por Angela Lansbury. McCarthy criou a lista negra dos profissionais de Hollywood, com destaque ao roteirista Dalton Trumbo e o mesmo diretor de Sindicato de Ladrões, Elia Kazan, que ajudou a fundar o partido comunista soviético. “Pessoas não possuem ideias… Ideias possuem pessoas” (Jordan Peterson).

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