Críticas – A Baleia (2022), O Lado Bom da Vida (2012), Passagem (2022)

Obesidade mata mais do que a fome no Brasil

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade mata mais que o câncer, a Aids e o trânsito: atrás apenas de o cigarro. Desde 1975, o número de pessoas obesas ou com sobrepeso quase triplicou no planeta. Atualmente essa epidemia afeta 39% da população adulta (aproximadamente 1,9 bilhão de pessoas); assim como 18% das crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos. Quase 170 mil brasileiros morrem todos os anos no país em decorrência de problemas de saúde causados pelo excesso de peso. Mudanças nos hábitos alimentares e atividades físicas devem ser graduais e prazerosas, respeitando a individualidade de cada um. A prevenção é a melhor maneira de controlar os altos índices de obesidade a partir da gestação, na pré-escola e na adolescência com foco na educação nutricional, orientada por profissionais da saúde, de modo a evitar doenças crônicas: como diabetes, problemas cardiovasculares, osteoartrite, doença degenerativa das articulações e câncer (endometrial, mama, ovário, próstata, fígado, bexiga, rins e cólon). Site: Acesso Saúde.

Após ressuscitar a carreira do ex-lutador de luta-livre e galã de Nove e Meia Semanas de Amor, Darren Aronofsky fez o mesmo com Brendan Fraser quando o ator estava condenado ao ostracismo pelo excesso de peso. Já em Réquiem Para um Sonho (2000) o cineasta havia criticado a indústria da beleza, em cuja trama Sara (Ellen Burstyn, de O Exorcista) sob prescrição medica emagrece 13 kg à base de anfetaminas durante o dia e sedativos à noite, tentando de todas as formas caber no seu vestido vermelho preferido para participar do seu programa favorito de TV.

Enquanto em A Baleia (2022) o professor de escrita criativa online, Charlie (Fraser), deixa a webcam sempre desligada, visando esconder sua aparência grotesca, cuja ginástica descomunal é se levantar da poltrona para se apoiar no andador até o banheiro adaptado; ou simplesmente pegar uma moedinha no chão. O moribundo com insuficiência cardíaca congestiva e altíssima pressão arterial espera a morte chegar em casa: sem plano de saúde, mas com a ajuda da dedicada enfermeira, Liz (Hong Chau), sua única amiga. Há 9 anos o sedentário de 272 kg abandonou a mulher, a fim de curtir uma relação homoafetiva; até o amante se jogar da ponte; cujo transtorno de estresse pós traumático o levou a um transtorno compulsivo alimentar periódico e a um transtorno de personalidade muito pior; além de centenas de neuroses obsessivas e fóbicas. Vendo a morte chegar, o obeso mórbido, tenta de todas as formas reconciliar-se com a esposa alcoólatra, Mary (Samantha Morton) e com a filha adolescente revoltada, Ellie (Sadie Sink), sendo aconselhado pelo missionário Thomas (Ty Simpkins) a deixar de ser materialista para viver do Espírito (João 3:6).

Acusado de fomentar a gordofobia, Aronofsky respondeu os haters de plantão: “as pessoas estão acostumadas com o simplismo que divide o mundo entre bonzinhos e vilões, queríamos criar um personagem complexo com partes boas e ruins. As críticas não fazem sentido. Este filme lembra que somos todos humanos, somos todos bons e maus, imperfeitos e esperançosos, alegres e tristes, há toda essa diversidade dentro de todos nós. A Baleia é sobre a vida adulta. Não fiz um filme da Disney”.

Herman Melville complementa em sua obra-prima: Moby Dick, ou A baleia, publicada em 1851. “Se o mais distraído dos homens estiver mergulhado em sonhos mais profundos – coloque esse homem de pé, ponha-o para andar, e não tenha dúvida de que ele o levará até a água, se houver água em toda a região (…) Pois, como todos sabem, a meditação e a água estão casados para todo o sempre” (Moby Dick, ou A baleia (1851).

Antes de namorar Aronofsky durante as filmagens de Mãe! (2017) Jennifer Lawrence ganhou o primeiro Oscar ao interpretar Tiffany Maxwell: ego e sombra do seu par romântico com transtorno bipolar; delírio, mania e depressão. Pat Solitano (Bradley Cooper) já sofria de delírios de natureza persecutória e alteração de humor antes de espancar o amante da sua ex-esposa no flagra. Contudo, ao sair do hospício, Pat resolve reconquistá-la a qualquer custo, imaginando ser a cura de todos os males; sem enxergar, contudo, O Lado Bom da Vida (2012). Dessa forma, aquele otimista forçado emagrece consideravelmente correndo todos os dias pela manhã; quando esbarra subitamente em Tiffany: ainda de luto pela morte repentina do marido atropelado (com quem nunca transou), tornando-se uma ninfomaníaca vestida de preto, ciente da sua compulsão por sexo. No entanto, a garota se apaixona por Pat à primeira vista e logo o convida para participar de um concurso de dança, cujo pai compulsivo por esporte (Robert De Niro) investe todas as suas economias no filho que não o decepciona por encarar o problema de frente ao lado de sua cara-metade, igualmente vestida de branco pela primeira vez.

Depois educar a alma em O Lado Bom da Vida, Jennifer Lawrence precisa reeducar o cérebro lesionado por uma bomba no Afeganistão. A engenheira sem demora começa do zero como se fosse um bebê: reaprendendo a falar, a andar e a dirigir, enquanto trabalha sozinha a céu aberto em atividades lúdicas; embora o seu maior desafio seja a convivência com a mãe desnorteada na capital do Jazz, Nova Orleans. A exemplo de Rambo, Sniper Americano e Náufrago (Cast Away), Lynsey (Lawrence) está só de Passagem (2022) (Causeway) pela sua terra natal; ansiosa pela volta do agito da guerra, enquanto o aval do médico não sai. Porém, a convivência amorosa com o mecânico de perna mecânica, James Aucoin (Brian Tyree Henry), mexe com seus sentimentos.

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