Críticas – Duna (2021), Bárbaros (2020), Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo (2019), Vikings (2013 – 2020)  

Jesus e o Cristianismo Primitivo na cultura pop

Duna de Frank Herbert, publicado em 1965 foi a maior inspiração de George Lucas na criação do universo Star Wars: o Planeta Tatooine, principalmente, lar de Luke Skywalker e do Povo da Areia. Na primeira parte da trama adaptada às telonas pelo diretor Denis Villeneuve em 2021, Duke Leto Atreides (Oscar Isaac) aceita administrar o planeta deserto Arrakis no lugar dos arqui-inimigos, os Harkonnen, uma vez que aquele ambiente árido e escaldante conhecido como Duna é a fonte primária de Mélange: um dos metais mais valiosos do universo, a exemplo do nosso Nióbio e do Unobtainium em Avatar. Contudo, o deslocamento obrigatório da Casa dos Atreides àquele mundo desconhecido fazia parte do plano ardiloso do Barão Vladimir Harkonnen (Stellan Skarsgård), cuja intenção era encurralar aquela família inimiga. Lady Jessica (Rebecca Ferguson) – concubina de Leto e mãe de Paul Atreides (Timothée Chalamet) -, pertencente a ordem das telepatas: Bene Gesserit, lembra a Oradora nômade com poderes mediúnicos da animação Castlevania Sypha Belnades (inspirada nos Essênios, chamados carinhosamente de Nazarenos da Palestina). Paul aos 15 anos foi O Escolhido da Reverenda Madre (Charlotte Rampling) para liderar o povo da areia, embora alguns Fremen ciumentos tentarão derrubá-lo a qualquer custo. A saga medieval imperialista conta com um visual e uma trilha sonora espetacular, regida por um enredo contemplativo – fora dos padrões comerciais -, visando manter fidelidade ao clássico literário sessentista e ao mesmo tempo agradar leigos e fãs.

O Império Romano foi a maior referência administrativa da humanidade e poderia ter se tornado um governo mundial até hoje: composto de líderes augustus ao invés de um estado autoritário manchado de sangue. A ganância em conquistar territórios através da força e da cobrança de impostos abusivos marcaram o fim da Pax Romana e da expansão imperial em destaque na primeira temporada da série Bárbaros. A Batalha da Floresta de Teutoburgo em 9 d.C ficou, conhecida como Desastre de Varo, em razão de os guerreiros de maioria germânica dizimarem três legiões de soldados romanos usando uma excelente tática de guerrilha, foi inspirada nos 300 de Esparta. Aquela vitória épica não alertou Napoleão tampouco o Fuhrer, derrotados pelo inverno russo.

Na mesma época dessa série em latim e alemão, nascia um dos maiores algozes do Cristianismo: convertido por Jesus ao cair do camelo. Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo é um documentário Espírita de 2019 com participação especial de Caio Blat, interpretando Estevão. A equipe do cineasta e roteirista André Marouço refez o percurso do Apóstolo dos Gentios entre a Ásia Menor e a Europa trazendo imagens atualizadas e depoimentos esclarecedores do Professor Severino Celestino, do Professor Antonio Cesar Perri de Carvalho, do escritor e médium André Luiz Ruiz, do Psicólogo e escritor Jorge Damas e do Juiz de Direito, Conferencista e Escritor José Carlos de Lucca. Destaque a passagem pela região de Corinto onde São Paulo escreveu uma das mensagens éticas mais importantes da Carta aos Coríntios: “tudo me é lícito mas nem tudo me convém”; além da visita ao altar erguido em Atenas em homenagem ao Deus Desconhecido: Jesus – O Governador Espiritual do Planeta Terra, “tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo” ( Allan Kardec – O Livro dos Espíritos -1857)

Na Idade do Bronze do Terceiro Milênio antes de Cristo, os nórdicos do sul da Rússia deixaram aquele frio infernal para entrar em conflito com os romanos, e por esse motivo apenas em 790 d.C. começou a Era Viking. O povo guerreiro de maioria norueguesa, dinamarquesa e sueca em sua viagem inaugural invadiu o mosteiro Lindisfarne, na Inglaterra, antes dos noruegueses se estabelecerem no Canadá e os dinamarqueses em Paris, enquanto os suecos ajudavam a tribo dos Rus a fundar a cidade de Kiev, ainda que a capital romana, Constantinopla, lhe servisse de abrigo mais tarde. A última investida viking aconteceu em 1066, pois a maioria dos conquistadores sedentos por vingança viraram católicos, unindo os elementos fantásticos do politeísmo nórdico pagão à moral cristã monoteísta. Em resumo, essas aventuras fascinantes, incluindo a estadia de 500 anos na Groenlândia, podem ser conferidas nas 6 temporadas da fiel série Vikings de 2013 a 2020. Apesar do didatismo novelesco recheado de belos atores, a série traz conhecimentos filosóficos e espirituais profundos numa trama fantástica, repleta de subtramas imprevisíveis: do rei mais orgulhoso ao mais humilde pastor, incluindo as escudeiras femininas, transformadas em grandes líderes na hora mais escura. “A atuação do mundo espiritual proporciona à história humana a perfeita caracterização da alma coletiva dos povos. Como os indivíduos, as coletividades também voltam ao mundo pelo caminho da reencarnação. É assim que vamos encontrar antigos fenícios na Espanha e em Portugal, entregando-se de novo às suas predileções pelo mar. Na antiga Lutécia, que se transformou na famosa Paris do Ocidente, vamos achar a alma ateniense nas suas elevadas indagações filosóficas e científicas, abrindo caminhos claros ao direito dos homens e dos povos. Andemos mais um pouco e acharemos na Prússia o espírito belicoso de Esparta, cuja educação defeituosa e transviada construiu o espírito detestável do pangermanismo na Alemanha da atualidade. Atravessamos a Mancha e deparar-se-nos-á na Grã-Bretanha a edilidade romana, com a sua educação e a sua prudência, retomando de novo as rédeas perdidas do Império Romano, para beneficiar as almas que aguardaram, por tantos séculos, a sua proteção e o seu auxílio”. (Emmanuel e Chico Xavier – A Caminho da Luz – 1938).


Duna (2021) – Nota: 4,0


Bárbaros (2020) – Nota: 3,5

Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo (2019) – Nota: 3,5


Vikings (2013 – 2020) – Nota: 4,5

Direção: David Frazee, Steve Saint Leger, Katheryn Winnick, Daniel Grou
Roteiro: Michael Hirst
Elenco: Katheryn Winnick, Alexander Ludwig, Alex Høgh Andersen, Marco Ilsø, Jordan Patrick, Danila Kozlovsky, John Kavanagh, Peter Franzén, Eric Johnson, Georgia Hirst, Ragga Ragnars, Ray Stevenson.
Duração: 43min por episódio

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