Crítica – O Escafandro e a Borboleta (2007)

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Eutanásia Nunca

Entre os filmes da primeira década, cujo tema refere-se as pessoas com severas deficiências físicas, o caso de Jean (Mathieu Amalric)  foi o mais grave. Mesmo assim, foi o único paciente que não recorreu à eutanásia, justamente por ser o mais otimista. Ao aprender a se comunicar em forma de piscadelas com a ajuda da terapeuta, Henriette Roi (Marie-Josée Croze de Invasões Bárbaras) e da fonoaudióloga Claude (Anne Consigny) pôde concluir seu livro homônimo em cinco anos de trabalho árduo e de grande vendagem na França, embora estivesse tão limitado quanto uma borboleta presa dentro de um escafandro. Jean morreu em março de 1997, dez dias depois da publicação. Dizia ele “Além do meu olho duas coisas não estavam paralisadas: Minha imaginação e minha memória”.  

No caso de Rémy, o protagonista de As Invasões Bárbaras (2003), apesar de uma atitude condenável, pois “é sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência” (O Livro dos Espíritos), o fato foi abordado de maneira tão sutil e irrelevante para a trama não interferindo de maneira alguma na mensagem proposta . 

Já “A Menina de Ouro” (2004) que passou por sérias dificuldades ao longo da vida, superando todas elas de forma digna e com bom humor,  manchou parte desta gloriosa trajetória terrena quando optou pelo   suicídio. 

A atitude mais grave foi a de Ramón Sampedro em Mar Adentro (2004),  vítima de  um acidente de mergulho que o deixou tetraplégico, preso  em uma cama por 28 anos, porém lúcido e extremamente inteligente, motivo pelo qual  deveria ter usado toda essa capacidade  para escrever um livro ou ajudar o próximo como fez Jean. Em vez disso, decidiu  lutar na justiça pelo direito de morrer, o que lhe gerou problemas com a igreja, a sociedade e principalmente, os familiares. Certamente se  Rémy e Maggie fossem personagens reais não teriam tomado tal atitude radical. 

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